quarta-feira, 13 de abril de 2011
Entrevistas-Parte 1-Perguntamos aos Autores V
1-O que te leva a escrever literatura fantástica?
A possibilidade de convidar o leitor para que viagem comigo em uma dimensão mágica e de infinitas possibilidades, são fatores que me impulsionaram para escrever.
2-Você acha que esse tipo de literatura, tem uma rejeição maior nos países de língua portuguesa, já que não temos grandes nomes da literatura fantástica mundial, de origem em nosso idioma?
Acredito que parte desta rejeição se deve àquele velho pensamento de que “o livro do vizinho é mais bonito que o meu”. Infelizmente existe uma cultura que tudo que nos é apresentado como estrangeiro, é melhor. Acontecem com roupas, perfumes, comidas, filmes... e infelizmente com os livros. Aos poucos vejo que esta ideia mítica começara a se romper, e autores e livros de literatura fantástica nacionais (Brasil) têm emergido das trevas.
3- Quando foi que você teve o primeiro contato com a literatura fantástica? E quando resolveu escrever?
Os contos de fadas foram a primeira porta de literatura fantástica que me fora apresentada. A magia é algo que sempre me fascinou e embora cheios de interpretações, os contos de fadas são repletos de magia. O exercício criativo sempre esteve presente em minha casa. Minha primeira publicação foi em 1993, em uma antologia chamada Pensamento Livre. Escrevi um conto chamado “As aventuras de Gum, o Gnomo” e o considero meu ponto de partida para o mundo da escrita.
4-Em que lugar você busca inspiração para escrever suas histórias?
A inspiração vem quando menos se espera. Às vezes uma música, uma gravura ou mesmo uma lembrança podem ser fontes de inspiração. Muitas vezes utilizo de artifícios visuais ou auditivos para me inspirar, mas não faço disso uma regra. Acredito que a inspiração venha naturalmente.
5-Você acha que ainda há espaço no Brasil ou Portugal para novos escritores de literatura fantástica?
Existe espaço para todos, sem duvida. É impossível demarcar uma linha territorial que expulse os escritores de seu público, ainda mais com o advento das redes sociais virtuais. Com o tempo ganhamos um espaço que nos era marginalizado. As possibilidades criativas são infinitas e todo autor tem com o que contribuir.
6-Em se tratando de literatura fantástica, o que é mais difícil: Escrever, encontrar uma editora ou adquirir novos leitores para o gênero (no Brasil/em Portugal)?
A escrita sempre me foi algo natural logo não a tenho como dificultosa. A busca por leitores, com as redes sociais virtuais nos ajudam nesta empreitada o que é um ponto muitíssimo favorável... Já a busca por editoras nos é uma grande dificuldade. As chamadas editoras tradicionais e aquelas sob demanda de impressão visam unicamente o grande lucro, uma vez que muitos dos títulos e modismos nos são impostos visando o capital. Boas ideias são descartadas e o lugar nas prateleiras que nos é de direito, acaba sendo ocupado por um autor estrangeiro. É comum assistirmos o baile dos temas literários, uma vez que nosso mercado editorial tenta seguir fielmente os passos que dançam as editoras americanas e europeias em seus salões. Até um tempo atrás, era praticamente impossível um autor novo ter um livro publicado. Felizmente existem editoras que abrem oportunidades, que nos permitem publicar, quebrando certas ideias que têm outras editoras dançantes.
7-Em sua opinião, a literatura fantástica ainda enfrenta algum preconceito, por parte de quem não conhece o gênero?
A grande dificuldade que enfrentamos não é o preconceito sobre a literatura fantástica, mas o preconceito sobre a literatura em geral. Um grande livro da literatura nacional, que considero como fantástico é Macunaíma; a ideia que nos é impregnada na escola da leitura nacional ser chata, complicada e outros desfavores que lhe atribuem, torna livros como Macunaíma repulsivo aos leitores. O leitor cresce desencorajado e assustado, fugindo de livros de qualquer gênero.
8-A mídia, em geral, ainda abre pouco espaço para a literatura fantástica? Se a resposta for sim, o que você acha que falta?
Permitir-me-ei em dividir esta resposta em duas partes distintas. A mídia das grandes massas, como a televisão abre pouco espaço para literatura fantástica sim. Assistimos seriados, filmes e outras manifestações midiáticas e culturais vindas de outros países com admiração e certa inveja. Grande sonho de muitos autores, e eu estou incluso na lista, é ter seu livro transformado em filme. Todavia, este sonho continuará sendo um sonho numa sociedade como a nossa. Novelas, noveletas e reality shows continuarão povoando e habitando nos lares brasileiros enquanto a cultura não mudar. “É mais fácil assistir um programa de televisão do que ler um livro.” É uma assombrosa, mas real afirmação. Esta mudança de pensamento cultural é lenta e gradual. Felizmente o contato com o “mundo virtual” tem acelerado esta mudança, já que vejo a grande proliferação de blogs que tratam de literatura. Ainda assim é pouco, um trabalho de formiga. É um começo que fico feliz em fazer parte de participar.
Entrevistador: Tomi Farias
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Oie.. Heeee, meu amigo Gabriel e suas ótimas respostas!! Muito legal a entrevista!!!
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