quarta-feira, 6 de julho de 2011
Entrevistas - Extra - Perguntamos a Giulia Moon
1-O que te leva a escrever literatura fantástica?
Eu escrevo, basicamente, o que eu gosto de ler. Desde pequena, as narrativas fantásticas me eram muito mais atraentes do que qualquer outro gênero.
2-Você acha que esse tipo de literatura, tem uma rejeição maior nos países de língua portuguesa, já que não temos grandes nomes da literatura fantástica mundial, de origem em nosso idioma?
Acho que a projeção internacional de um autor, seja em literatura fantástica ou não, depende de muitas coisas, não necessariamente da aceitação no seu país de origem. Poe, por exemplo, obteve reconhecimento internacional após a sua morte, graças ao poeta francês Baudelaire, embora fosse solenemente ignorado no seu país de origem, os Estados Unidos. O talento natural e a qualidade da produção, claro, influem no sucesso de um escritor, mas também há milhões de outros fatores que podem levar alguém à fama ou ao ostracismo. Fatores que variam de pessoa para pessoa, de lugar para lugar, de época para época.
3- Quando foi que você teve o primeiro contato com a literatura fantástica? E quando resolveu escrever?
Foi quando, bem pequenininha, ouvi a minha avó ler a história de “Tsuki Hime”, a Princesa da Lua, um conto de fadas japonês. Quanto a escrever as minhas próprias histórias, a princípio, eu as inventava e as deixava apenas na minha cabeça. Depois, na época de colégio, passei a desenhá-las em forma de mangás. Por fim, já adulta, quando comecei a trabalhar em agências de propaganda, o meu tempo livre foi diminuindo. Então passei a escrever os contos. Mas só passei a escrever regularmente no ano 2000, quando entrei num grupo de discussões do Yahoo, a Tinta Rubra, de escritores amadores de contos de vampiros.
4-Em que lugar você busca inspiração para escrever suas histórias?
Em qualquer lugar. Numa música, numa pessoa, num determinado momento do dia, num estado de espírito particular. Posso encontrar inspiração até numa sugestão de alguém. Só preciso de um momento de concentração e um computador.
5-Você acha que ainda há espaço no Brasil ou Portugal para novos escritores de literatura fantástica?
É claro! Se forem bons. Há sempre espaço em qualquer lugar para pessoas com talento. Mas que tenham força de vontade para persistir na profissão, que é árdua como qualquer outra. Você precisa suar, se quiser se tornar um bom profissional.
6-Em se tratando de literatura fantástica, o que é mais difícil: Escrever, encontrar uma editora ou adquirir novos leitores para o gênero (no Brasil/em Portugal)?
É difícil responder a essa pergunta, pois eu acho que a atividade principal do escritor é escrever bem. O resto é decorrência dessa primeira. O grau de dificuldade é inversamente proporcional ao seu talento e à sua capacidade de trabalhar duro e com constância.
7-Em sua opinião, a literatura fantástica ainda enfrenta algum preconceito, por parte de quem não conhece o gênero?
Acho que, se por acaso há algum preconceito, não é tão forte que não possa ser eliminado pela leitura de um bom livro do gênero. Portanto, vamos fazer todo mundo ler mais literatura fantástica de qualidade!
8-A mídia, em geral, ainda abre pouco espaço para a literatura fantástica? Se a resposta for sim, o que você acha que falta?
Bem, a literatura fantástica tem aumentado o seu espaço na mídia, graças ao cinema, que tem adaptado obras do gênero, como Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo. Não sei se poderemos esperar muito mais do que isto. Não podemos esquecer que as mídias de massa têm espaço limitado, e o distribui tendo em vista maior audiência do seu público. Só teremos mais espaço na mídia de massa quando o grosso da população brasileira ler mais e se interessar mais pela literatura fantástica. Só assim a mídia abrirá naturalmente as suas portas para vampiros, lobisomens, anjos, bruxas e outros seres que agora estão na obscuridade.
Entrevistador: Tomi Farias
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