sábado, 4 de junho de 2011

Entrevistas-Parte 1-Perguntamos aos Autores XIII


Kane Ryu (autor brasileiro)


1-O que te leva a escrever literatura fantástica?
Sempre gostei de contar histórias e escrever foi uma válvula de escape, para acalmar o animo dos pesadelos que me acompanham desde criança. Pesadelos e sonhos tão doidos na maioria dos casos, que torná-los contos fantásticos não foi difícil. Especialmente depois que descobri o mundo dos vampiros e Star Wars... Não necessariamente nessa ordem.

2-Você acha que esse tipo de literatura, tem uma rejeição maior nos países de língua portuguesa, já que não temos grandes nomes da literatura fantástica mundial, de origem em nosso idioma?
Sim. Cresci com as histórias fantásticas do brasileiro Monteiro Lobato, que ninguém lembra de mencionar como um autor fantástico nacional. (Ele criou as fantásticas histórias infantis do 'Sítio do Pica-Pau Amarelo'.)

3- Quando foi que você teve o primeiro contato com a literatura fantástica? E quando resolveu escrever?
Primeiro contato é difício de saber ao certo, lembro que via na TV as histórias do 'Sítio do Pica-Pau Amarelo' e vi no cinema Star Wars V, mas não tenho certeza quem veio primeiro. Também lembro de ter ganhado uma coleção de livros dos irmãos Grimm (que tenho até hoje). Quanto a escrever. Escrevi a minha vida inteira. Rabiscando sonhos doidos e pesadelos, depois histórias e roteiros para filmes, tenho pilhas de notas e backups guardados, mas só parei para escrever histórias com seriedade, depois que fui para a faculdade de cinema.

4-Em que lugar você busca inspiração para escrever suas histórias?
Nos meus pesadelos e sonhos loucos, na história antiga (Egito, Império Romano, Brasil Colonial...), estudos científicos como a teoria de mundos paralelos e coisas do tipo. E, sim, nas pessoas a minha volta.

5-Você acha que ainda há espaço no Brasil ou Portugal para novos escritores de literatura fantástica?
Acho que teria mais espaço se a consciência que a literatura se modificou, existisse. Há escritores atuais com referências não só em outros escritores, mas em cinema, TV e quadrinhos, mas sempre acabam excluídos por puro preconceito quanto aos estilos novos.

6-Em se tratando de literatura fantástica, o que é mais difícil: Escrever, encontrar uma editora ou adquirir novos leitores para o gênero (no Brasil/em Portugal)?
Tempo para escrever é sempre complicado. Porque quando se tem tempo a inspiração foge, quanto não se tem tempo, a inspiração te perturba a paciência. Editora depende de boa pesquisa, persistência e muitas vezes de grana, pois tem editoras atualmente, as sob demanda, que ajudam autores a começar, o problema é ter grana para bancar o livro. Novos leitores que vejo como o caso mais difícil. É fato que não dá para agradar a maioria e ainda mais complicado divulgar o trabalho entre leitores, quando temos "críticos", que não sabem a diferença de crítica construtiva e falar mal de algo que não gostou. Eu, particularmente, sempre leio os livros/filmes/série que são fortemente atacados, pois acabo gostando e no que diz respeito ao cinema; vou direto na lista de filmes que o "boneco dormiu", porque esses são os que vou gostar e os que o "boneco aplaudir", corro que é roubada.

7-Em sua opinião, a literatura fantástica ainda enfrenta algum preconceito, por parte de quem não conhece o gênero?
Quem não conhece, não sabe o que diz. Acho que o maior preconceito vem exatamente desses leitores/críticos que só apreciam um tipo de coisa e acham que o resto é tudo uma droga, os quais gostam de escrever textos enormes só apontando os "defeitos".

8-A mídia, em geral, ainda abre pouco espaço para a literatura fantástica? Se a resposta for sim, o que você acha que falta?
Eu não vejo trailer de livro passando nos canais de TVs, nem mesmo de livros estrangeiros, o que dirá nacionais. E a coisa só piora, vejo gastos em reality show copiados do estrangeiro, cada um pior que o outro, quando podiam pegar livros nacionais e adaptar. Há livros maravilhosos que podiam virar séries e minisséries para TV de boa qualidade e com elas, teríamos uma boa divulgação dos nossos autores. Só na literatura fantástica nacional temos livros com conteúdo rico para fazer séries, por exemplo, como 'True Blood' ou 'Vampire Diaries' e 100% brasileiras. Infelizmente para isso, as pessoas precisam dar um basta a péssima programação e só ligar a TV para ver algo de qualidade. A pior coisa é TV ligada em programa ruim, por falta de algo melhor.


Entrevistador: Tomi Farias

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